Ser Poeta
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Fonte: Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia Completa»
Biografia
Florbela Espanca - (Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930), escreveu poesia, contos, um diário... mas antes de tudo, é uma poetisa e uma das grandes figuras da literatura portuguesa do século XX e o expoente máximo do feminismo em Portugal. A poesia de Florbela, caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a um grande desejo de felicidade. A sua linguagem extremamente pessoal, com voz marcadamente feminina e passional e é centrada nas suas próprias frustrações e anseios. Desiludida e doente suicidou-se aos 36 anos.
Florbela na música portuguesa
Florbela é a inspiração de muitos artistas: pintores, escritores, e poetas. Os seus poemas são muito actuais, e a sua poesia eternizou-se pelo seu encanto, romanticismo e sensualidade nos dias de hoje.
Na voz de Luís Represas, dos Trovante - "Ser poeta"
Na voz de Luís Represas, dos Trovante - "Ser poeta"
Para conhecer a biografia e a poesia de Florbela Espanca:
- http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/florbela.html (Poemas)
- http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/florbela_espanca/biografia.html (Biografia)
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