PALOP - Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa

Na sequência do processo de descolonização de Portugal, e da "Revolução dos Cravos" (25 de Abril de 1974), os países africanos de língua portuguesa tornaram-se independentes.




Angola

O maior país dos PALOP (1.246.700 km2) é também o mais rico em termos de recursos naturais (petróleo, diamantes…) e o mais conturbado politicamente, tendo vivido até há pouco tempo em um clima de guerra civil.

Angola, é considerada economicamente desigual, visto que a maioria da riqueza do país, está concentrada em um sector muito pequeno da população. Com mais de 10 milhões de habitantes e uma Diáspora de aproximadamente 3 milhões de angolanos, experimenta assimetrias de distribuição de riqueza, um baixo nível de vida entre a população, taxas de expectativa de vida e mortalidade infantil entre as piores do mundo. Tem uma taxa de inflação muito alta (90% em 1998), pobreza urbana (na ordem dos 66%), um êxodo rural maciço e uma enorme quantidade de deslocados e mutilados de guerra. O desemprego é aproximadamente entre 30 - 40% da população.

O português, é a língua oficial de Angola, sendo a primeira língua de 25% a 30% da população. Existem outras línguas africanas faladas no país, e algumas, têm o estatuto de línguas nacionais: o umbundu, o kimbundu, o kikongo, o côkwe, o ganguela e o cuanhama.


Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos), é um conhecido escritor angolano. A sua obra reflecte sobre a história contemporânea de Angola (por exemplo:a guerra colonial), e escreve com muita ironia sobre os problemas que a sociedade angolana enfrenta. 

No país, a dança distingue-se em diversos géneros, significados, formas e contextos, equilibrando a vertente recreativa com a sua condição de veículo de comunicação religiosa, curativa, ritual e mesmo de intervenção social. Angola, acabou por sofrer misturas com outras culturas: Brasil, Moçambique e Cabo Verde. Angola destaca-se pelos mais diversos estilos musicais, tendo como principais: o Semba, o Kuduro e a Kizomba.

Kizomba
Fonte: http://1001afro.blogspot.it/

A capoeira, era um costume dos povos pastores do sul da actual Angola, no século XVII, para comemorar a iniciação dos jovens à vida adulta (cerimónia chamada n'golo). Com a chegada dos colonizadores portugueses, esta modalidade de luta, foi trazida para o Brasil com os descendentes de escravos africanos. Actualmente, é uma expressão cultural que mistura artes marciais, desporto, cultura popular e música.

Exercitação de capoeira.
Fonte: Primeira edição
http://primeiraedicao.com.br/noticia/2012/04/30/familias-podem-se-exercitar-com-movimentos-basicos-da-capoeira

Moçambique

Com 801.590 km2, e mais de 19 milhões de habitantes, é um dos países mais agitados em termos políticos e de violência, embora com um processo de democratização mais avançado do que Angola.

Assistiu, a uma guerra civil violenta, com inúmeras mudanças em termos económicos, sociais, com grandes fracturas político-sociais e com um processo de paz que começou a ser implantado a partir de 1992. Com os seus recursos destruídos pela guerra, atravessa uma grande fase de reconstrução da maior parte das suas infra-estruturas e do relançamento da produção agrícola, a sua maior fonte de riquezas. A maior parte da população é rural.

O português é a língua oficial e a mais falada do país, usada por pouco mais da metade da população. As línguas bantas são das mais faladas no país. Existem outras línguas, mas estas estão restritas a determinadas regiões, ou em zonas fronteiriças.

Moçambique é reconhecida pelos seus artistas plásticos: escultores (principalmente da etnia Makonde) e pintores (inclusive em tecido, com a famosa técnica batik). Artistas como Malangatana, Gemuce, Naguib, Ismael Abdula, Samat e Idasse destacam-se na área de pintura. A música vocal moçambicana,e os géneros musicais mais populares como: a marrabenta, e outros tipos de música lusófona (fado, samba, bossa nova e o maxixe) são muito apreciadas. A mbila chope, instrumento musical de percussão foi considerada pela UNESCO Património Imaterial da Humanidade. 

Malangatana
Mia Couto, um dos grandes escritores da língua portuguesa, tem uma obra literária extensa e diversificada, incluindo poesia, contos, romances e crónicas. Muitos dos seus livros são publicados em mais de 22 países e traduzidos em alemão, francês, castelhano, catalão, inglês e italiano.

Guiné-Bissau

Um dos mais agitados países dos PALOP, é também um dos mais pobres e de menores dimensões (36.120km2), com mais de 1.360.000 habitantes, em grande parte de religião muçulmana. Depois de uma guerra civil sangrenta de 11 anos, experimentou alguma calma, mas sem progressos económicos, sendo prejudicada (entre 1998 e 1999) quando ocorreram violentos conflitos políticos - militares, mergulhando o país numa grande crise. Possui alguns recursos minerais por explorar, e uma grande potencialidade na pesca, e no turismo. Regista elevados fluxos migratórios, para fora do país, e um grande êxodo rural, com profundas alterações de ordem social.

A população da Guiné-Bissau, é constituída por uma variedade de etnias, línguas, estruturas sociais e costumes distintos. A maioria da população vive da agricultura e professa muitas vezes religiões tradicionais locais. Cerca de 45% dos habitantes praticam o Islão e uma minoria é de religião católica. As línguas mais faladas  entre as populações concentradas no Norte e no Nordeste são: o fula e o mandinga.

A Guiné-Bissau, possui um património cultural bastante rico e diversificado. As diferenças étnicas e linguísticas produziram grande variedade ao nível da dança, da expressão artística, das profissões, da tradição musical, e das manifestações culturais. 

José Carlos Schwarz, poeta, músico e compositor, é ainda hoje, considerado um dos maiores nomes de sempre da música guineense. 



O estilo musical mais importante é o gumbé. Este ritmo, é uma fusão do "crioulo" e da música tradicional. No video, os Super Mama Djombo - "Sol maior para comanda", representam uma época onde a guerra colonial destruiu os sonhos dos povos (e com isto entendo os colonizados e os colonos)

O Carnaval guineense, é completamente original, constituindo uma das maiores manifestações culturais do País. Os povos animistas caracterizam-se pelas belas e coloridas coreografias, e fantásticas manifestações culturais que podem ser observadas correntemente por ocasião das colheitas, dos casamentos, dos funerais, das cerimónias de iniciação.


Fonte: Google images

Cabo Verde

O mais árido dos PALOP, o estado insular de Cabo Verde (10 ilhas, 4.033 km2) tem aproximadamente 412.000 habitantes. As secas, são o grande flagelo das ilhas, o que aumenta a degradação ambiental e o empobrecimento da maior parte da população. A agricultura é a principal fonte de riqueza, a par das divisas do turismo e das remessas dos emigrantes, mas a desertificação das ilhas tem comprometido as produções, elevando a taxa de desemprego da população para taxas superiores a 25%. É um dos países africanos com maior taxa de participação activa da mulher na sociedade e na administração, sendo também, um dos países africanos que tem combatido com maior sucesso o analfabetismo. Os cabo-verdianos, são descendentes de antigos escravos africanos e dos colonos portugueses. Grande parte dos cabo-verdianos são emigrantes no estrangeiro, principalmente: nos Estados Unidos, em Portugal e no Brasil (existem mais cabo-verdianos a residir no estrangeiro que no próprio país).

A língua oficial é o português, usada nas escolas, na administração pública, na imprensa e nas publicações. A língua nacional de Cabo Verde, é o crioulo cabo-verdiano (o criol ou kriolu). Cabo Verde é formado por dez ilhas e cada uma tem um crioulo diferente. O crioulo está oficialmente em processo de normatização e discute-se a sua adopção como segunda língua oficial, ao lado do português.

O povo cabo-verdiano é conhecido pela sua musicalidade, bem expressa nas manifestações populares como o Carnaval de Mindelo. Na música, há diversos géneros musicais próprios, dos quais se destacam: a morna, a kizomba, o funaná, a coladeira, e o batuque. Cesária Évora, a embaixadora musical de Cabo Verde, será sempre conhecida como a "diva dos pés descalços" uma das cantoras mais famosas do "World music". O sucesso internacional de Cesária, fez com que outros artistas cabo-verdianos, ou descendentes de cabo-verdianos nascidos em Portugal, ganhassem maior espaço no mercado musical. Exemplos disso são: as cantoras Sara Tavares e Lura. Outro grande expoente da música tradicional de Cabo Verde foi António Vicente Lopes, mais conhecido como Travadinha.


São Tomé e Príncipe

O mais pequeno dos PALOP (1.001 km2) é composto por duas ilhas e tem cerca de 165 mil habitantes, com uma densidade populacional elevada (164,8 habs/km2). A maior parte da população fala português (95%) e vive nas mesmas condições em que vivia há 30 anos, sem infra-estruturas sanitárias e com habitações precárias. Depois de uma economia centralizada e de modelos governamentais fortemente intervencionistas, assistiu-se, nos anos 80, uma liberalização económica do país, mas sem grandes resultados, apesar dos esforços na área da agricultura (cacau) e do turismo, principais fontes de receita do PIB São-Tomense. Cerca de 40% da população é tecnicamente pobre, com um rendimento inferior a um dólar americano por dia, em média, num país com uma elevada dívida externa e baixa produção.

Este cenário parece no entanto poder vir a mudar, já que foram avaliadas enormes potencialidades para o país na produção de petróleo no seu “off-shore”, o que abre grandes esperanças aos são-tomenses, mas uma vizinhança difícil com a poderosa Nigéria.



Fontes:

•Wikipedia (Angola, Moçambique, Guiné- Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe) - imagens e texto.
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Infopédia. Porto Editora

0 comments:

Post a Comment